20.5.10

Faz-me companhia

"Fim", pensou ela para consigo fechando o livro da capa grossa. Estava sentada à beira do lago nas traseiras da sua casa sendo iluminada pela luz da lua. Chamava-se Violeta, era uma rapariga serena e guardava todas as suas ideias para si.
Sentiu um cheiro agradável vindo da casa amarela. "Será que a mãe fez bolo outra vez?", questionou. Pousou as mãos na relva e fez força para levantar o corpo que já ali estava sentado há uma hora. Violeta entrou na cozinha já sem conseguir tirar do seu pensamento que iria trincar o que cheirava tão bem. Sentada à mesa estava uma mulher ruiva, com um sorriso nos lábios, à espera da filha.
A rapariga com nome de flor era uma observadora nata, tinha uma imaginação incrível por observar tudo em seu redor, mesmo sendo aquela cozinha que já conhecera há treze anos.
Comia aquele bolo feito com amor maternal e admirava a mãe, as suas rugas, a maneira como cruzava as mãos e mexia os dedos. Ao lado da mãe via o rapaz com o olhar vazio. Ela chamava-o de Gustavo e só ela sabia que existia, fazia parte da magia. Companheiros secretos, nunca se vão abandonar ou mentir um ao outro.
A mulher dos cabelos ruivos levantou a mesa e a sua expressão mudou. Estava séria. Tirou o avental e dirigiu-se para o hall de entrada. Violeta seguiu-a apressadamente. "Quanto tempo vais ficar fora desta vez?", perguntou. A mãe agarrou nas malas de viagem e saiu.
Gustavo mal falava mas ali estava ele, parado a olhar para aquela cena pela milésima vez. Violeta, de um jeito como quem já passou por aquilo muitas vezes, virou costas à porta de saída e voltou para o jardim. "Ao menos tu vais estar sempre comigo", disse.

1 comentário:

Catarina disse...

Ta muito fixe, mas para onde foi a mae? parabens ^^