8.5.10

Queres saber quem sou?
Sou a rapariga que adormece ao som do toc-toc-toc da chuva contra os vidros das janelas. Aquela que sonha com poesia gasta e esperanças podres, dedos a arrancar com força as cordas da guitarra e com as veias dos ossos dos pensamentos que estão sempre tão salientes e a trabalhar arduamente.
A rapariga que vagueia pelos corredores das livrarias, toca em cada canto das folhas de um livro como uma amante e cheira o papel e a tinta da impressão. Aconchego-me entre cada sílaba, desço pelas vírgulas e descanso nas vogais. Fico à espera que sangrem através da página e manchem o verso da minha pele.
Sou também a rapariga que agarra forte nos cotovelos ao ver o oceano, sem medo de ver o reflexo mas ainda sem estar pronta para o enfrentar.
Aquela que se sente tão apertada por saber que muitas das ideias não se vão realizar. Esse aperto faz com que arranque a minha pele por jurar estar demasiado sufocada.
E basta. Já falei demasiado de mim. Fala-me de ti.

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